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Banda CAP
Foto: Banda CAP | Foto: Simplicité Photographie
Música
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Banda sorocabana lança duas músicas que representam a vulnerabilidade como berço da inovação, criatividade e mudança

Os dois lançamentos do quinteto CAP, banda do interior de SP, inauguram o selo Lobotomia Records, criado a partir da produtora que tem movimentado como nunca a cultura alternativa na cidade. A música “oquedeu” também veio em um clipe incrível para ilustrar a sensibilidade dos encontros, dos choques e dos desvios.

Se a música é um reflexo das transformações pelas quais passamos pela necessidade constante de evolução, que ela consiga dosar, os ônus e os bônus de quem sente demais. E é justamente neste papel de ilustrar a sensibilidade aflorada das fases de transição – principalmente aquelas relacionadas ao trabalho – que os dois singles da banda sorocabana CAP – “Morning Rabbits” e “Oquedeu” – lançados nesta segunda-feira (26/8) pelo selo novinho em folha Lobotomia Records e com exclusividade para o portal de cultura MECA. Além da dobradinha disponível em todos os serviços de streaming “oquedeu” ganha um clipe incrível, feito com muito carinho para ilustrar a nova fase da banda.

Há um ano movimentando a cena alternativa do interior de São Paulo  – o primeiro single, “Flaked Days” foi lançado no finzinho de setembro de 2018 –, o quinteto formado por Fernanda Fontolan na bateria & vocais de apoio, Pedro Yue na guitarra & baixo, Tatiane Souza nos teclados, Bruno Fontes nos vocais,  guitarra & baixo, e (ufa!) Marcel Marques na guitarra, resolveu seguir os moldes de alguns dos lançamentos mais esperados do século XX (ui, que chique): aqueles que eram divididos entre Lado A e Lado B, pique os do quarteto de besouros mais barulhentos da música mundial: os Beatles.

“As músicas foram se transformando e ganhando características que hoje definem o som da CAP. A inclusão de linhas de sintetizador (feitas pela Tati), as baterias leves e super detalhadas (da Fernanda), as guitarrinhas charmosas (do Marcel) e os baixos românticos (do Pedro) criaram um lar especial para as letras (do Bruno). Tudo se encaixou sem dificuldade, nossa vibe bateu”, conta o vocalista sobre o processo criativo super orgânico e natural do grupo.

As influências do quinteto que mantém seus ouvidos sempre atentos ao que está rolando de novo, tanto no BR, quanto na gringa, vão de Patu Fu, Bidê ou Balde, Moptop a Inner Wave, No Vacation, Beach Fossils, YMA, Ventilas, Crime Caqui, Ana Paia, Terno Rei, Mac Demarco… A sonoridade passeia tranquilamente pelo bedroom pop, indie, shoegaze & emo porque todo artista é sim, um tico triste demais.

Banda CAP

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Lado A // Sobre a música “Oquedeu”

Todo mundo já trabalhou num lugar ou enfrentou aqueles dias monstruosos de escritório que parecem sugar todo o seu brilho. É algo que se você ainda não passou, pode crer que vai acontecer. É normal e importante passar por isso, para ter aquela “virada de chavinha”, sabe?! Essa situação de dias difíceis que se arrastam no trabalho e influenciam em toda e qualquer esfera da nossa vida foi algo que Bruno passou e resolveu musicar.  “Este trabalho me afetou de tal forma que acabei me tornando infeliz e improdutivo, tanto no trampo, quanto na música e na vida em geral”, esclarece o vocalista. A leveza da melodia tranquila costura as letras que norteiam este caminho nem sempre fácil, mas necessário de autoconhecimento.

Os versos “Porque ontem eu fiz o que deu, hoje vai ser diferente, nem sempre eu consigo vencer” jogam luz sobre a nossa necessidade nada saudável de ser forte o tempo inteiro, isso porque a vulnerabilidade é o berço da inovação, criatividade e mudança. “Quando escrevi a música, pensei em diversos nomes e frases depressivas para retratar o momento, mas optei por fazer diferente. Escolhi escrever sobre o sentimento da virada. Sobre o quanto eu lutei e fiz tudo o que podia naqueles dias, e que nem sempre a gente vai sair vencendo as batalhas, mas que quando a gente percebe os motivos das derrotas, pode fazer diferente na próxima”, explica Bruno. Forte isso, né?!

Ah, a música também marca um momento importante na vida da banda que agora passará a produzir somente em português – “Flaked Days” e “Morning Rabbits” são em inglês, conforme os próprios nomes sugerem  –, afinal a gente mora no Brasil, né? (sim, fizemos a autocrítica).

Banda CAP

Simplicité Photographie

Lado B // Sobre a música “Morning Rabbits”

Originalmente, a música se chamava “Morning Habits”, mas a banda preferiu trocar a primeira letra da segunda palavra para brincar com hábitos matinais e coelhinhos da manhã, de acordo com as traduções literais. O som é um dos mais especiais para a galera da banda, principalmente para o Bruno, o vocalista. “A canção retrata de forma conceitual o dia a dia das pessoas que vivem numa rotina exaustiva, muitas vezes tendo que aguentar uma pá de gente que não gosta para conseguir fazer uma graninha”, conta ele.

Dedicada à sua namorada Suelen que viaja horas a fio para chegar no trabalho e ainda tem que aguentar uma galera digamos, meio sem noção. “Quando percebi que estava ficando bem pra baixo, resolvi usar a letra para retratar a garra, e não a tristeza. Quando a musicamos, colocamos notas mais leves, isso ajudou a ficar menos depressiva”, ressalta Fontes.

Esta foi a segunda música oficial da CAP. “Nesta época, ainda estávamos sentindo o caminho da banda em relação ao idioma, por isso ainda escrevia algumas em inglês. Quando resolvemos que a CAP se dedicaria à nossa língua mãe, parei com as composições em inglês e as únicas músicas em inglês que compõem o setlist dos shows são a ‘Flaked Days’ e a ‘Morning Rabbits’. Por esses motivos, ela marca a transição definitiva da CAP para o português e será lançada nesse momento para pôr um fim nessa época de dúvida”, conta Bruno.

Sobre o clipe de “Oquedeu”

Filmado entre o parquinho de diversões do Shopping Sorocaba – um dos primeiros da cidade –, a sublime vista da cidade de Paris (é, aqui é 8 ou 80 rs), pelas lentes precisas de Rafael Augusto da produtora Lobotomia, o clipe representa um pontinho de leveza quando nos damos conta das transformações necessárias nas nossas vidas para continuarmos avançando.

“Escolhemos o contraste de um lugar agitado e cheio de brinquedos para uma música melancólica e esperançosa. Estar ali no meio desse universo colorido e recheado de histórias animadas trouxe um acalanto pro coração. Com nós, pudemos ter um momento gostoso e até infantil de poder se soltar e andar de aviãozinho (embora o meu avião não subisse, risos). Rafael utilizou bastante closes nos diversos personagens e suas realidades fictícias, compondo esse cenário surreal em que cada uma dessas expressões faciais sublinha. O material ficou acima das expectativas, ‘Oquedeu’ cresceu”, comenta Fernanda Fontolan, baterista e vocalista de base.

O quinteto se divertindo entre os jogos do parque também representa uma metáfora de que, na vida, a maioria das coisas que nos acontecem, rolam pelo método de tentativa e erro. Então, tudo bem não acertar todas. “Oquedeu” também fala sobre a singeleza dos encontros, dos choques e dos desvios com os outros e como isso tudo pode catalisar as nossas mudanças.

[Texto por Debora Stevaux]

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