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Foto: Adriano Ávila
Cultura
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No centenário Paulo Freire CEEJA/Sorocaba lança exposição fotográfica de Adriano Ávila

Em comemoração ao centenário do educador Paulo Freire, o CEEJA Profº Norberto Soares Ramos (Sorocaba) abre suas portas na próxima segunda-feira, 25, com a exposição fotográfica Os Brasis de Adriano Ávila. A exposição mostrará uma dezena de  obras do fotógrafo aluminense Adriano Ávila, tendo como tema central a cultura popular retratada por ele em diversos municípios brasileiros, passando por São Paulo, Bahia e Minas Gerais.

Várias atividades irão compor o período de duração da exposição (de 25/10 a 12/11), tais como visitas monitoradas e uma live com o fotógrafo, programada para dia 28/10, quinta-feira, às 19h30.

A exposição está no rol de atividades do CEEJA/Sorocaba para celebrar o centenário do mais proeminente pensador brasileiro da educação de jovens e adultos, sendo esta a primeira atividade cultural realizada no espaço escolar pós-quarentena da pandemia de Corona Vírus. “Nossa intenção é retomar os estudos presenciais com espírito positivo, colorido e vibrante, tal como as obras do fotógrafo Adriano, inclusive chamando  a comunidade sorocabana a nos visitar para conhecer, ao mesmo tempo, o trabalho do  fotógrafo e o nosso projeto de educação de jovens e adultos”, explica a diretora Simone Mota Portilho.

A necessidade de se vincular os projetos educativos às ações culturais

O projeto do CEEJA (Centro Estadual de Educação para Jovens e Adultos) tem como  objetivo trabalhar com a educação de pessoas acima de 18 anos de idade, oferecendo  uma carga horária flexível de estudos. A ideia é que estes estudantes possam realizar  suas atividades em casa, vindo à escola para tirar dúvidas e fazer suas avaliações. Em  virtude desse regime, por vezes fica muito distanciada a presença constante do corpo  estudantil. A gestão da unidade Sorocaba entende que as ações culturais aproximam  alunos, alunas e a comunidade da escola, gerando assim uma sensação de  pertencimento mais consistente.

 

“De uma maneira ou de outra, vários membros de nossa equipe (entre gestão, corpo  docente e demais áreas) estão envolvidos em projetos culturais dentro e fora do CEEJA.  Eu, por exemplo, milito numa organização de preservação da memória ferroviária. Por  conta disso, entendo a função primordial das ações culturais na educação das pessoas,  estejam estas ações espalhadas pela cidade ou no interior das escolas. Quando unidas,  ação cultural e escola tem seu potencial educativo elevado exponencialmente”,  argumenta o vice-diretor Marcelo Antônio Ferreira Chagas.

O coordenador pedagógico Gustavo Lacava avalia como positivas tais ações, dizendo  como elas se afinam aos princípios freireanos sobre a educação de jovens e adultos: “um dos problemas que enfrentamos de modo razoavelmente constante é uma distância  física e emocional dos estudantes com relação ao CEEJA. É muito difícil, com uma  presença flutuante, conseguir criar tais vínculos. As ações culturais colaboram na  formação discente em vários sentidos, rompendo com a distância produzida pelo ensino  tradicional e levando-nos a conhecer, de modo mais próximo, a realidade das pessoas  que estudam conosco — conforme aponta vários preceitos do pensamento de Paulo  Freire. Por isso, incentivamos diversos projetos culturais, como da orquestra de violões  para iniciantes, regida pelo professor Victor Medeiros, da disciplina de Arte. A exposição  de Adriano Ávila vem colaborar ainda mais na aproximação de nossos alunos e alunas,  além de refinar a nossa compreensão sobre o Brasil”.

A fotografia como instrumento pedagógico

Um orgulho indescritível. É assim que Adriano Ávila descreve o sentimento de poder  participar da educação de pessoas, principalmente de adultos, ainda mais numa data tão  plena de significados. “Creio que minhas fotos demonstram claramente minha admiração pela gente brasileira, na sua variedade, na complexidade de sua educação oral, nos conhecimentos transmitidos de geração para geração. Mas apesar de toda essa sabedoria, muitas pessoas ficam fora da educação escolar, o que leva a uma segregação radical, em especial no mercado de trabalho. É uma honra imensa poder colaborar um tantinho na educação dessas pessoas, ainda mais num ano tão especial como o do centenário de Paulo Freire”, diz  Ávila, visivelmente agradecido.

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Adriano não tem dúvida do papel educativo da fotografia: “Não sou eu que falo isso,  mas sim muitos pensadores que já trabalham com esse potencial educativo da imagem,  em particular da fotografia, como é o caso do estudioso brasileiro Boris Kossoy, severo  crítico da fotografia tida como retrato fiel da realidade. Além disso, existem inúmeros  fotógrafos que merecem ser conhecidos, pois registraram cenas e situações que se  transformaram em testemunho histórico: como Militão Augusto de Azevedo, que  deixou vários registros da cidade de São Paulo do século XIX; Cartier-Bresson e sua  peregrinação por incontáveis rincões da Terra, China à antiga URSS, da Turquia ao leste  europeu; e mesmo de Sebastião Salgado, famoso por fotografar inúmeros povos pelo  mundo todo, com um olhar especial para a gente mais sofrida e empobrecida, mas  repleta de saber ancestral. A fotografia tem isso: registra os fatos, mas de acordo com o  olhar de quem clica a câmera — é um recorte do real, estando longe de representar a  verdade absoluta. As pessoas precisam estar atentas ao fato de que, por trás de toda  imagem, existe uma produção que recorta a realidade lhe dando outros sentidos. É  fundamental que a educação pela imagem chegue a todos, pois temos que compreender que nem sempre uma imagem é o retrato fiel da verdade, mas sim uma criação plena de intenções”, finaliza Ávila.

Para mais informações:

Maurício Sérgio Dias (Curadoria): (15) 98141-0638
Gustavo Lacava (Gestão CEEJA): (15) 99188-2833

? O CEEJA Prof. Norberto Soares Ramos fica na Rua Assis Machado, 920 – Vila Assis.