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Foto: Via assessoria de imprensa
Cultura
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Matagão inaugura a exposição “Ícones Urbanos” do artista Francisco Chanes

Na sexta-feira (05/09), tem início a exposição “Ícones Urbanos” no Matagão — Gastronomia e Cultura.

Com entrada gratuita, a mostra expõe os trabalhos de Francisco Chanes, artista visual e professor popular na cena de arte urbana em Sorocaba.

Nas obras, Francisco traduz ao público técnicas, críticas e afeto, utilizando o stencil, repetição de formas e variação cromática.

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A exposição reúne três séries visuais, intituladas “Vênus”, “Fusca” e “Peixes”, e busca introduzir ao público reflexões sobre memória, cultura e simbologia na contemporaneidade.

Como uma ponte entre a arte e a gastronomia, a mostra inaugura o espaço cultural do recém-inaugurado restaurante Matagão – Gastronomia e Cultura.

“O objetivo é justamente abrir as portas para a cultura, nas suas mais variadas formas de expressão”, afirma Samira Mazarin Galli, sócia-proprietária e coordenadora cultural do espaço.

Além de Samira, a exposição tem curadoria da produtora cultural Giovanna Scharwer. A vernissage da mostra acontece na sexta-feira (05/09), às 19h, e ficará em cartaz até o dia 31 de outubro.


Suas Influências

Francisco faz do seu trabalho uma aliança que une pesquisa estética, experimentação técnica e grande carga pessoal e simbólica.

Entre as referências, o artista britânico Banksy, famoso por sua irreverência e produção enigmática no campo da arte-denúncia e do comentário social, é um elemento influente.

Abordando temas que vão da tradição clássica ao imaginário popular brasileiro, o artista provoca uma nova leitura do espaço urbano como um local que também pode mexer com a memória, os questionamentos e a reinvenção.


Vênus: a deusa nas ruas

Inspirado na escultura Vênus de Milo, Chanes reinterpreta a figura da deusa do amor e da beleza em diversas produções coloridas.

Realocando Vênus do pedestal da história da arte e posicionando-a na arte de rua, o artista questiona: o que essa imagem representa hoje?

“Se, na Grécia Antiga, ela era símbolo do ideal de beleza grega, a Vênus aqui se torna vestígio de uma cultura distante, sendo ressignificada como elemento pop, marca urbana e memória coletiva”, destaca Chanes.

As repetições em stencil são essenciais para a criação de um jogo visual que desloca o olhar do espectador e abre espaço para novos significados: a Vênus como ruína, ícone kitsch (estilo artístico que valoriza o que é exagerado, brega ou tido como mau gosto) ou mesmo resistência silenciosa contra os padrões impostos.

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Fusca: nostalgia sobre rodas

Na série Fusca, o artista foca no universo afetivo e nacional.

Trazendo para o conceito o carro mais popular da história brasileira, o artista recria o automóvel em estampas vivas que provocam uma nostalgia coletiva pelo símbolo de uma era. A série problematiza ainda a forma como o tempo é um agente determinante no significado das coisas comuns.

É com muita naturalidade que itens cotidianos de décadas passadas se tornam símbolos culturais. O Fusca, antes sinônimo de mobilidade e funcionalidade, em 2025 carrega em si o espírito de um tempo e um valor quase mítico entre colecionadores e entusiastas.

Para Francisco, o Fusca também é um ícone popular que reflete a brasilidade, a memória urbana e os afetos que resistem ao tempo.

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Peixes: fluxo e metáfora

Na terceira e última série, o artista busca distância da figuração icônica para mergulhar na abstração simbólica.

Em “Peixes”, as formas aquáticas repetidas em stencil sugerem um fluxo contínuo e quase meditativo.

Os peixes, na obra, podem ser interpretados como metáfora de liberdade, deslocamento, multiplicidade de sentidos, ou simplesmente como imagens hipnóticas que provocam a imaginação.

A série é mais introspectiva e convida o público a se desafiar nas interpretações subjetivas em um jogo de forma, cor e movimento. O gesto de repetição, tão característico do trabalho de Chanes, aqui se transforma em poesia visual, em convite à contemplação.

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A cidade e seu papel como tela e território simbólico

O artista reforça a convicção de que a arte é uma necessidade humana e acredita que a sua prática pode e deve ser acessível a todos.

Trazendo figuras históricas e populares para o ambiente da arte urbana, Francisco quebra hierarquias e aproxima o público de símbolos que carregavam uma conotação elitizada e distante.

Com forte presença na cena cultural de Sorocaba, tanto como artista quanto como educador, Chanes tem contribuído para o fortalecimento da arte urbana como linguagem legítima, crítica e poética.


Oficina Cultural

Além da exposição, o artista também promoverá uma oficina de stencil no restaurante no sábado (13/09), com vagas limitadas.

Durante a atividade, os participantes terão a oportunidade de transformar uma ecobag fornecida na oficina. As inscrições podem ser feitas via WhatsApp: (15) 98803-8202.


Sobre o Matagão – Gastronomia e Cultura

Ao abrir as portas da arte e da cultura, o Matagão promove uma reinvenção do que se entende por gastronomia em Sorocaba.

A cada exposição, o chef e sócio-proprietário José Antonio de Freitas Pedroso – conhecido como Zé Cozinha – cria um prato especial inspirado nas obras em exibição e cria um intercâmbio entre as artes visuais e a gastronomia.

O objetivo do espaço é, de acordo com José Antonio, transformar a experiência gastronômica em uma extensão da experiência estética.

“Quero que as pessoas comam a arte, literalmente. Busco unir a cozinha à riqueza da nossa diversidade cultural para criar algo novo, sensorial e significativo”, explica.

O prato temático ficará disponível no cardápio durante todo o período da exposição.


O Matagão fica na Rua João Wagner Wey, 411, no Jardim América.