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Foto: Reprodução | Via assessoria de imprensa
Cultura
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Curta em homenagem a Hudi Rocha, o eterno palhaço Fedegoso, começa a ser produzido

HUDI-FEDEGOSO-ROCHA é o nome do curta metragem sobre a vida de Hudi Rocha, considerado um dos maiores artistas do circo teatro brasileiro. Em fase de produção, o filme retratará os mais de 70 anos de carreira do eterno palhaço Fedegoso, que dedicou toda sua vida à arte. Com previsão de estreia para maio, a produção de Guilherme Telli contará a história do Hudi e do Fedegoso e como elas se misturam.

Inclusive, Guilherme conta que o filme inicialmente seria uma homenagem em vida, com o próprio Hudi em cena. Porém, com seu falecimento em julho do ano passado, agora será um projeto para ele. Além de diretor do curta, Telli também é ator, palhaço e arte-educador, já tendo dividido o palco com Hudi por diversas vezes.

O projeto contará com depoimentos de artistas e familiares que fizeram parte da trajetória do artista, como conta o diretor da obra. “Com a sua passagem, costumo dizer que ‘o Hudi virou estrela – de novo’, o curta vai trazer os depoimentos das três ultimas remanescentes da Velha Guarda do Circo-Teatro Guaraciaba: a própria, dona Guaraciaba Malhone (maravilhosa atriz do Circo-Teatro Guaraciaba, de propriedade do seu pai, o Palhaço Pirolito), a dona Iracema Cavalcante (que fez diversos duetos com o Hudi, como a Palhaça ‘Fedegosa’) e dona Ediméia Rocha (que foi esposa do Hudi e uma grande atriz dos palcos do circo). Entremeando os depoimentos, serão exibidas imagens de arquivo, para que todos possam conhecer mais desse artista ímpar para a cultura da região e do Brasil”.

Telli revela que, durante o filme, os espectadores serão surpreendidos com um paralelo de como seria a dramaturgia com a presença do homenageado.

Uma vida toda dedicada a arte de fazer sorrir

Hudi Rocha nasceu dentro das lonas do circo, no dia 22 de setembro de 1939, em Araçariguama. Com 3 anos, iniciou sua trajetória como o palhaço “Preguinho”, personagem que interpretou por 11 anos no circo da família.

Em 1954, no Circo Novo Mundo, conheceu a primeira esposa, Zulméia da Rocha Camargo, com quem teve cinco filhos e, tempos depois, formaram o Duo Rocha, uma dupla musical. Ainda no Circo Novo Mundo, Hudi deu vida ao personagem que o acompanharia pela vida toda, o palhaço Fedegoso.

O artista foi proprietário de vários circos, um deles foi a companhia Circo Irmãs Rocha, idealizado em homenagem às filhas. Em 1963, foi convidado por Antônio Malhone para trabalhar no Circo Guaraciaba, onde iniciou os trabalhos com o circo-teatro e obteve destaque com o Duo Rocha, formado com seu filho Hudson Santos da Rocha Camargo, o palhaço Kuxixo, que já foi considerado um dos cinco melhores do Brasil e foi fruto do segundo casamento de Hudi, com Ediméia Rocha.

O artista circense já participou de projetos em Sorocaba, onde se apresentava para crianças na Biblioteca Infantil, e foi contemplado com o Prêmio Palhaço Carequinha, do Ministério da Cultura, em reconhecimento ao seu trabalho.

A magia por trás das câmeras

Com todo encantamento da arte circense, quando Hudi interpretava Fedegoso, o riso era fácil, solto e relaxante. Dessa maneira, o artista se tornou referência para as novas gerações, assim como foi para Guilherme Telli, que agora presta sua homenagem ao tão grande Fedegoso. “O meu amigo Hudi-Fedegoso-Rocha, atuava como o maravilhoso palhaço caipira Fedegoso há décadas. Escolhi falar do Fedegoso, por ser uma referência como palhaço, para mim e também para as gerações mais novas e, ainda, porque, queria contar um pouco sobre o artista Hudi Rocha, que dedicou uma vida inteira ao circo-teatro e ao ofício da palhaçaria. Contracenamos diversas vezes… É a minha oportunidade de prestar uma homenagem ao artista, ao palhaço e ao amigo, um combo perfeito”.

Além dessa homenagem, o produtor já registrou em audiovisual vários artistas da velha guarda que ainda atuam com amor e dedicação nos palcos. Em 2021, retratou o trabalho do seu Chico Santeiro, escultor de arte sacra de Votorantim; além do Grupo de Viola Caipira São Gonçalo, também de Votorantim, que são 12 membros de uma verdadeira orquestra violeira.

Em 2022, dirigiu o curta “O Cisne, Minha Mãe e Eu”, que traz a história da bailarina e musicista Janice Vieira, em um dueto com a filha, Andréia Nhur. “Quero, dentro das minhas poucas possibilidades, registrar a memória artística dos fazedores de cultura, realizar este serviço à lembrança desses mestres. Esses registros são ainda mais potentes quando se tornam homenagens em vida. São reverências dedicadas em forma de agradecimento e respeito”.

O produtor lembra momentos de trabalho e de lazer com o homenageado. “Trabalhamos juntos em 2004, quando a Família Guaraciaba, junto do Grupo Manto (de Sorocaba), apresentou o espetáculo “E O Céu Uniu Dois Corações”. Neste projeto, eu fazia um palhaço, e o Hudi gostou muito do meu trabalho, convidando-me para fazer algumas parcerias com ele. Desde então, ele, que sempre dava apelidos para todos, começou a me chamar de “paiaço”.  Quando me via, de longe, já gritava: “Oooo, paiaço”! E eu respondia, o imitando: “Aeeee, paiaço”. Essa é uma lembrança muito mágica para mim, porque era um mestre-palhaço me reconhecendo também como palhaço. Eu ficava muito, muito feliz sempre que o reencontrava e ouvia isso.

HUDI-FEDEGOSO-ROCHA, o documentário

Com as primeiras gravações em andamento, o filme tem previsão de estreia para o mês de maio. As datas serão acordadas com a Secretaria de Cultura de Votorantim, mas, segundo o diretor, já tem algumas exibições previstas, seguidas de bate papo, com entrada gratuita. “Teremos duas exibições no Auditório Municipal Francisco Beranger. Também será disponibilizado o link com o filme para toda a rede de ensino de Votorantim, assim como para os espaços culturais do município”.

Além da homenagem, o produtor pretende inscrever o filme em festivais pelo Brasil e pelo mundo. “A história de Hudi Rocha merece ser eternizada. Penso que a história do nosso quintal pode ser universal, e o ofício nobre do palhaço pode tocar qualquer um que tenha sensibilidade”, finaliza Guilherme Telli.