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Mistura de sonoridades e ritmos: Projeto ExperimentaSom

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Compreender que há uma cena artística, onde seus agentes são independentes, e sentem carência de espaços, no sentido físico, para exporem suas produções, é papel também de um produtor cultural. A alternativa é buscar projetos que se encaixem nesse contexto e privilegiar o novo e o que ninguém vê.

O Projeto ExperimentaSom, apesar do nome, não se limita somente a uma experiência sonora, traz também ao público vídeos e instalações artísticas, sendo o objetivo aguçar as sensações de quem está lá privilegiando. Cada mês atrações diversas comparecem ao espaço do SESC Sorocaba, que é transformado para receber os dispostos a experienciar o inesperado, o novo, aquilo que imaginamos não se encaixar, mas que naquele dado instante acaba por fazer sentido.

A programação de maio traz perfomances ao vivo, como o duo de música experimental Eduardo Néspoli e Adriano Monteiro, que realizam improvisações que interagem com filmes e imagens selecionadas; Experiências Sonoras serão desenvolvidas no Laboratório de Cultura Digital de Arte e Mídia pelo Fabricio Masuti e Maurício Matos, e as Experiências Visuais serão feitas com um retroprojetor, anilina e alguns outros materiais. Além do duo, haverá show da banda Ordinária Hit.  Conheça o grupo paulistano:

Ordinária Hit

Há mais de dez anos na estrada, e com pelo menos seis discos lançados, a Ordinária Hit transita entre diversas facetas da cena independente paulistana. Ao serem questionados quanto a essa circulação, os mesmos dizem que possuem uma relação legal com vários circuitos por conta do conceito faça-você-mesmo adotado pelas bandas punks e hard core, e pela própria OH.

Quanto a sonoridade é difícil engessar, a começar pela formação inesperada, que além de incluir as habituais guitarra, baixo e bateria, é possível apreciar um violoncelo, que começou através de uma parceria e hoje é parte importante das composições.

ordinaria hit

Em entrevista os membros da banda falam sobre a temática política em suas canções e finalizam sobre e expectativa de fazer parte da edição de maio do ExperimentaSom.

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– Baixo, Guitarra e Bateria são instrumentos mais tradicionais em bandas consideradas de viés punk. Como e por que surgiu a idéia de colocar o violoncelo? Qual é o espaço que ele ocupa na sonoridade de vocês?

A ideia surgiu por acaso. Numa música do primeiro disco, sentimos que um violoncelo se encaixaria bem. Por acaso o Rodrigo, nosso baterista, tinha um colega de trabalho que tocava o violoncelo e acabou convidando o cara. Ele veio, ensaiou e nunca mais foi embora. Nunca tivemos nenhuma restrição musical, nem tentamos encaixar o som em alguma categoria – a gente quer que soe bem, que seja criativo, que esteja rumando pra algum lugar onde não necessariamente alguém ja foi. O violoncelo, naquela época, parecia algo que afirmava isso. Com o passar do tempo, com a evolução da banda, o violoncelo foi deixando o aspecto de coadjuvante, de convidado de lado e foi se integrando ao som, fazendo parte da composição desde o início mesmo.

– De onde vem essa veia política forte que podemos observar na banda?

Vem da nossa formação mesmo, somos assim enquanto pessoas e acho natural que isso acabe transpassando pra produção da banda. Acho que a veia politica mais forte e mais unânime dentro do ordinaria, se da no que toca o faça-você-mesmo. É uma posição política explícita nossa, derivada de toda uma crítica ao posicionamento capitalista de concentrar muito na mão de poucos e de transformar tudo em produto. Então enquanto banda, a gente existe pra provar que essa lógica não é verdadeira, que nós somos pessoas comuns, sem formação específica na área, mas que ainda assim conseguimos gravar um disco de qualidade, fazer música criativa e que, até por isso, não é necessariamente um produto a ser consumido (…) o real valor esta em você FAZER.

– Existe uma cena de música em São Paulo? Se sim, como ela recebe a música de vocês?

Eu particularmente, sou bem ativo na cena voltada pro punk-hardcore, tenho outra banda que contribuiu bastante com esse rolê (Futuro), mas com o Ordinaria a gente acaba não se encaixando muito em nenhuma cena.
As vezes brincamos que somos muito punk pros indies e muito experimental pros punks. Mas a gente circula bem onde quer que chamem-nos pra tocar. (…) Temos muita proximidade com esse pessoal do punk-hardcore por causa da coisa do faça-você-mesmo, mas acho que somos o patinho feio desse rolê.

– Qual a expectativa para apresentação no ExperimentaSom?

Acho que vai ser bem bacana porque a apresentação em um SESC aproxima a gente de um público que não necessariamente iria num show nosso numa ocupação no centrão, num centro cultural na quebrada, numa balada às 4 da manhã ou num porão com alta incidência de fungos. Dá uma aplificada saudável na nossa ideia, mostra o que estivemos aprontando debaixo da terra, no nosso mundinho – que é “fechado” não porque não abrimos a porta, mas porque em geral, o público não têm muito interesse mesmo. Enfim, imagino que é uma “saída da toca” legal.

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